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Estou quase a terminar mais um dos meus pequenos cadernos negros. E como sempre a letra começa a aumentar nas últimas páginas numa pressa de chegar ao fim. Depois quando começo um novo é o oposto: a letra fica miudinha e muito apertada que mal consigo reler o que acabei de escrever.


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O hábito de escrever à mão sempre o tive. Um dia em conversa com Jorge Fallorca: "não ando a escrever nada de nada": disse eu. Andava numa fase em que só escrevia no computador e nada de jeito saía. O Jorge olhou para mim e: "volta a escrever à mão e vais ver": conselho que segui e a coisa lá se deu. Mais tarde decidi começar a escrever nestes pequenos cadernos negros. E sempre a lápis. Outra dica do Jorge.


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Parou agora uma chuva breve. O bico da lapiseira partiu-se. Os carros ouvem-se molhados lá em baixo.

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