Os Sátiros
Dos sátiros, sinto-lhes o riso
mas nunca o perfil deles é exacto
debaixo do meu olhar que apenas sabe
a sombra táctil das árvores alongadas
quando a insolência do crepúsculo
rasga a luz e a desdobra
sobre as erráticas evidências do mundo.
Procuro o lago, o espelho, a casa,
a marca de sangue na raiz da rua.
Devolve-me o tempo o verbo que lhe dou.
Sigo por esta rota como se fosse
o mais preferível dos caminhos,
uma bússola de símbolos onde ancorar os dias.
E transbordam de quotidiano
os sátiros invisíveis,
com o seu rido comum
afeito à indiferença dos sinais.
em Antologia Poética Cintilações da Sombra 2, coordenação de Victor Oliveira Mateus, Fafe: Labirinto/Núcleo de Artes e Letras de Fafe, 2014p. 38.
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