Lí por aí


Desde o início da década de 1980 na edição, Francisco Vale é hoje o mais destacado editor literário português e somou mais um espetacular triunfo ao conquistar Agustina para o seu catálogo. Depois de resistir ao fenómeno da concentração editorial e crescer durante a crise, aliando o rigor dos critérios a uma gestão cautelosa, a Relógio D’Água tornou-se o exemplo a seguir.

Diogo Vaz Pinto, 30 de Abril de 2017


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Com uma figura que, há décadas, se anda a oferecer a quem queira explorar as sinistras possibilidades do nosso meio literário, um autor que extraia dele uma feição romanesca, Francisco Vale poderia ser descrito como um desses homens envilecidos pela decepção, o escritor falhado que se vinga dos deuses da literatura encarnando o papel de um cadaveroso editor, aquele que, em lugar do entusiasmo de um leitor, regressando das suas expedições entre o sonho e a vigília com algum texto alucinante, mordido e com uma estranha infecção, desejando cuspi-la no sangue de outros, nos surge apenas como um carcereiro orgulhoso com a sua colecção de reclusos, regozijando-se com os uivos abafados que lhe chegam das celas por baixo do seu escritório.

Diogo Vaz Pinto, 03 de Julho de 2020

1 comentário:

Diogo Almeida disse...

Moço, primeiro. Pato bravo, depois. Dava um filme coreano.