Não sendo eu um admirador da poesia de Herberto, devo admitir que a leitura de Húmus impressionou-me, quer pelo diálogo que estabelece com a obra de Raúl Brandão, mas também pelo exercício que convoca: poema-montagem ou poema-colagem (deixo o esclarecimento do termo para a Academia). Pensar que o exercício/técnica é fácil: é cair no erro. Não o é. E, como bem sabemos, não é para todos. Herberto teve a capacidade de criar, em certa medida, um texto completamente novo, diferente. Mas a presença de Brandão existe, está lá e nunca foi negada (porque também seria impossível a Herberto fazê-lo). Intertextualidade? Penso que estamos na presença de algo que está para lá disso. Uma obra maior da literatura portuguesa da segunda metade do século XX português? De todo. Mas, ainda assim, grande o suficiente.
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