Onde almoço hoje, almoçam também os dois irmãos que cá estão
em todas as vezes que aqui venho. Há meses, vi-os a almoçar com a mãe,
septuagenária, ou octogenária, frágil como um caule de porcelana. Hoje, almoçam
com ela, ao que entendo, apenas nas palavras que pingam na minha mesa, em ritmo
de goteira: «a mãe», «a médica», «bactéria», «antibióticos», «febre», «quarenta
graus», «cuidados intensivos». O que entendemos da vida dos outros é sempre uma
interpolação entre palavras soltas.
Sem comentários:
Enviar um comentário