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A esta hora ouço Steve Kuhn (Motility, 1977). São onze e vinte da noite. Amanhã é mais um dia de trabalho. Portugal ganhou o Festival da Eurovisão. A música, quanto a mim, é fraca e o hype irá durar muito pouco, mas talvez só eu e mais duas pessoas consideram que assim seja. O gato, esse, pesa figos sobre a cama.

5 comentários:

hmbf disse...

É da natureza dos hypes durarem pouco. Só não percebo por que a música é fraca. Ontem estava a ouvir coisas do Cole Porter e do Gershwin e lembrei-me muitas vezes da composição da Luísa. A interpretação do Salvador remete-me para o João Gilberto, que também era muito fraco à altura em que apareceu. Há um swing de bossa no tema que é maravilhoso, gosto mesmo da canção, não me parece mesmo nada fraca. E do que vi do Festival, que não foi muito por motivos de trabalho (também não estou para ver agora em diferido), só mesmo o tema da Bélgica, completamente diferente, mas de quem os Sobral não resistiram a fazer uma versão acústica que partilharam no Youtube, me pareceu à altura da nossa.

manuel a. domingos disse...

Poderá ter semelhanças com esses grandes vultos (e só serão mesmo semelhanças), embora considere tal comparação um manifesto exagero. E depois há a letra: um amante pede ao seu amante (que já não o ama) que volte, pois ele irá “amar pelos dois”, na vã esperança que, com o tempo, o amante “reconsidere” o amor perdido. Considero este tipo de “filosofia amorosa” prejudicial. E não tenho paciência para ela. Tendo em conta este meu ponto de vista: considero a música fraca no seu todo.

hmbf disse...

Não fiz nenhuma comparação, disse que umas coisas evocam outras. A composição da Luísa é excelente, tem um jogo harmónico muito semelhante ao que se escuta na bossa, com sétimas e menores e menores de sétima e bemóis e sustenidos. Não é uma composição nada fraca. Tenta tocá-la. Eu já tentei e, garanto-te, é fodido. O arranjo de cordas à Disney cai-lhe bem, lembra-me certos musicais, dá-lhe um tom romântico irresistível. Quanto à letra, é típica de uma canção de amor. Inteligente, por poder ser cantada tanto no feminino como no masculino. Conta uma história, faz sentido, tem tudo o que se pede a uma canção ligeira. Quem ouça bossa nova facilmente sentir-se-á familiarizado com o contexto amoroso em causa, que não me parece nada prejudicial. É real. Agora dizer que se trata de uma canção fraca é de uma brutal injustiça. Uma coisa é não se gostar, outra coisa é fazer um juízo de valor. O "Nobody" do Tom Waits é uma canção fraca?

Nobody, nobody, will ever love you
The way that I love you
Cause nobody's that strong
Love's bittersweet, life's treasures deep
No one can keep a love that's gone wrong

Nobody, nobody, gonna love you
The way I could
Cause nobody's that strong
No nobody's that strong

Nobody, nobody, is gonna love you
The way that I love you
Cause nobody is that strong

You've had many lovers,
You'll have many others
But they'll only just break
Your poor heart in two
And nobody, nobody, will love you
The way I could
Cause nobody's that strong,
No nobody's that strong

manuel a. domingos disse...

Não domino questões técnicas.
Talvez seja preconceito meu. Talvez seja de facto uma boa canção e eu esteja a emitir um juízo de valor.
Continuo a considerar uma canção fraca e não gosto dela.

Esta música de Tom Waits é muito boa. Utiliza num frente-a-frente com a música em questão, é o mesmo que utilizar uma bazuca para neutralizar um carrinho-de-choque (quando basta apenas desligar a corrente).

hmbf disse...

http://ouriquense.blogs.sapo.pt/amar-pelos-dois-586406