Um poema de César Vallejo


XXXIV

Acabou-se o estranho, com quem, tarde
na noite, regressavas, palra e palra.
Ninguém haverá já que me aguarde,
preparado o meu lugar, bom o que é mau.

Acabou-se a afectuosa tarde;
tua grande baía e teu clamor; o palratório
com tua mãe já tão cansada
que nos oferecia um chá pleno de tarde.

Acabou-se por fim tudo: as férias,
tua obediência de peitos, tua maneira
de pedir-me que não me vá embora.

E acabou-se o diminutivo, para
minha maioridade na infinita dor,
e o nosso ter nascido assim sem causa.


em Antologia Poética, selecção, tradução, prólogo e notas de José Bento, Lisboa: Relógio D'Água, 1992, p. 50.

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