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Havia a água que corria livre e o chão onde pela primeira vez andaste de bicicleta sem o apoio das rodas pequenas. Havia o Posto da GNR ali em cima. Havia.


Foi, talvez, o primeiro nome de rua que aprendeste. Não por ser a tua, mas porque era dos teus Avós. Tua, afinal, também.


Já não se ouvem os carrinhos que faziam corridas no rego da água. E quando a água corria: era a vez dos pequenos barcos de cortiça com palitos a servirem de mastro e pedaços de papel a servirem de vela. Os gritos nossos pela rua abaixo.


Às vezes o pão com marmelada comido nas escadas e o olhar vigilante vindo de uma janela.


Sinal dos tempos: o ribeiro cheio de água quase em finais de Junho. Como outrora.


O portão fechado e algumas memórias do lado de lá. O tanque grande cheio de água. O Janota de pêlo imaculadamente branco e tu sobre o seu dorso. Mais tarde foste visitá-lo. Estava quase cego, mas reconheceu, ainda, a tua voz.


Quantas foram as vezes que procuraste o caminho mais curto por entre as pedras?

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