Jorge Roque


Poesia do real

Nunca entendi a distinção entre poesia do real e outra que não vislumbro o que seja (poesia das palavras? dos processos poéticos de composição? do equívoco a que chamam música da língua?). Dito isto, não surpreenderá que diga que poesia do real é, no que consigo alcançar, a poesia real. O resto é poesia da poesia, isto é, e redondamente, e até mesmo cultamente, exacerbadamente, arrebicadamente, nada.


de «Uma escada que sobe pelos degraus de ti» em Cão Celeste, nº 6, Novembro de 2014, p. 18.

6 comentários:

bea disse...

ah, ah, ah....que história tão pachorrentamente palerma. Deixem a poesia ser só ela: POESIA. Ponto.

Jorge Melícias disse...

É tão gratificante concordar com a malta. Não há outra coisa senão poesia do real (exceptuando o misticismo mais exacerbado, e a espaços, de uma Santa Teresa de Ávila ou de um São João da Cruz). Convém é não confundir real com pobreza, isto é, "redondamente, e até mesmo cultamente, exacerbadamente, arrebicadamente," pobre.

Jorge Melícias disse...

O que é verdadeiramente notável é que, volvida mais de uma década sobre esta estéril questiúncula, o mesmo discurso manhoso continue a colher adeptos. Se a questão era à data uma falácia, hoje é uma falácia anacrónica.
Estou em crer que nem os mais alinhados dos acólitos deste paupérrimo sofisma se revêem agora nas premissas que gizaram. Mas viva o retro, caro manuel!!! O revivalismo pode ter o seu charme mas não me parece que isso se aplique aqui. No vosso caso é mesmo desfasamento saloio.

manuel a. domingos disse...

a verdade, caro Jorge, é que a previsibilidade te fica bem. qual luva qual quê!

não entendo os teus dois comentários, com tão pouco tempo entre eles, sendo esta uma "estéril questiúncula" e sendo o nosso um "desfasamento saloio". é que eu com saloios não quero nada. a menos que me tragam pão e vinho da dita região (e pêras!). mas isso sou eu

Jorge Melícias disse...

Então vá, depressa, grosso e ainda mais previsível: deixando de lado as tuas já proverbiais dioptrias interpretativas, tu és um imbecil chapado, meu caro manuel asinino domingos. E contra isso batatas (podem ser da dita região, pois então)!!!
Bem tentei não antipatizar contigo (afinal ele já há tanto tolinho no mundo, um a mais que diferença faz?) mas estalou-se-me o pouco verniz.
A verdade é que há três coisas que me causam asco: moços de recados em bicos dos pés, oportunismo barato e estupidez reiterada. E dessas três enches tu a pança. Sem parcimónia alguma. Aliás, contigo é tudo à ganância, os dislates, as "boutades", as atordoadas.
Experimenta lá dar-te uma folga e descanso à assentadura, que com tanto tiro nos cascos não há ferreiro que te valha.
Previsível o suficiente?

manuel a. domingos disse...

Sim, o suficiente. Como sempre.