50 livros + 33




Aos vinte e um anos tinha poucos interesses. Alguns dos que eu conhecia dedicavam-se à arte chinesa. Outros especializavam-se em casanovices. Eu, fruto de muitos equívocos, especializei-me em submarinos nocturnos na esplanada do Vinagre. É claro que as manhãs e as tardes tinham de ser ocupadas. As manhãs eram ocupadas com idas à Biblioteca Municipal, onde procurei ocupar os tempos livres da melhor maneira possível, ora catalogando e arrumando livros nas respectivas prateleiras, ora lendo. As tardes eram o rio, o sol e algumas mamas espetadas, pois a água do rio (mesmo em Julho) não está para mamilos sensíveis. Livros: foram lidos alguns. Mas foi, essencialmente, um ano herbertiano. Ou melhor: um Verão. E, por vezes, era difícil olhar para a realidade com os mesmo olhos, sem ter algumas palavras a ressoar, a dar palmadas na nuca. Catrapum! E assim sucessivamente, até que a ordem estabelecida por compêndios e gramáticas desaparece, dando lugar a algo que não conseguimos definir. Mas, verdade seja dita, para quê definições?

1 comentário:

bea disse...

A especialização está demais. Nem com uma lupa encontraria melhor.