50 livros + 13




A Biblioteca Municipal de Manteigas foi, durante muito tempo, uma espécie de segunda casa. Foram dois verões seguidos ao abrigo da ocupação dos tempos livres, orientados pelo Instituto Português da Juventude. Foi  lá que entrei em contacto com muitos dos livros que ainda hoje me acompanham. Devo dizer, também, que o Rui (o bibliotecário) muito contribuiu para a minha formação literária, apontado nomes, dando dicas preciosas. Sempre gostei mais de fazer as manhãs. Pouca gente. Mais tempo para ler o que me apetecia. Foi então que encontrei a poesia de António Franco Alexandre: "estas ligeiras coisas me acontecem: o copo azul, o azul, as/tartarugas luminosas; e ainda assim a ausência/dos navios se agita nas gavetas." (p. 107). Um admirável mundo novo. Depois, à tarde, ia para o rio e levava comigo os versos, as palavras a ressoarem na cabeça: "um sofrimento a cada/instante mais veloz, mais ágil,/uma secreta ausência perdoada."(p. 204). 


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