Diremos: são largas as
avenidas, vazias, nem de sombras povoadas. Na noite já não há pregadores.
Desistiram. Ninguém quer os olhos dos outros para ver o mundo. O mundo ou a
promessa dele. Diremos: os dias são apenas uma promessa não cumprida. Uma
espécie de corrida onde temos de ser os primeiros. É o que nos dizem. Sempre os
primeiros. Ninguém entende o nosso enorme desejo de não triunfar. Nunca triunfar.
Ninguém entende que é possível ser feliz na derrota. Que é possível ser feliz
sabendo que a felicidade é algo que está muito, mas mesmo muito,
sobrevalorizado. E a perfeição? Outra falácia. Olho para a carrinha à minha
frente: Transporte de Animais Vivos. E rio-me. Rio às gargalhadas com tamanha
hipocrisia.
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