Quatro gritos para um longo silêncio
iv.
tenho um longo rosário de
datas com que os amigos
se habituaram a ver-me tricotar os dias,
espreitando-os
por entre malhas indecisas.
ouço o ruído da minha própria maresia
assolando
uma constelação encoberta sob a névoa
deste eterno silêncio.
depois uma ave sobrevoou tudo isto em círculos
insistentemente.
foste.
quando eu seria capaz de
bordar a fios de água
este amor.
em Estações, Lisboa: Difel, 1ª edição, 1998, p.48