para
o meu primo Tó-Mané,
que
foi trabalhar para a Escócia
Já não sei dizer quando é que os ouvi pela primeira
vez, mas lembro-me que as guitarras entraram-me nas veias e nunca mais de lá
saíram. Podia contar-te algumas histórias que se passaram ao som de Darklands; é melhor não: ainda há muita
gente viva. Mas arrisco uma (que tanto pode ser verdade como mentira, tu depois
decides): foi numa cidade perdida em finais da década de 90. Às vezes penso que
nunca abandonei esses anos, que ainda lá estou, a vaguear agarrado ao meu
sobretudo – fiel companheiro das noites frias – e a olhar para o chão, sempre o
chão. Sei que, de repente, alguém se aproximou. Sabia o meu nome. Sabia quem eu
era e conhecia umas estórias sobre mim. Perguntou-me se tinha lume. Na altura
eu andava com um isqueiro no bolso, caso alguma rapariga fizesse pergunta igual
(o que raramente acontecia). Acendi-lhe o cigarro e vi como inspirava
profundamente. Perguntou-me se queria beber um copo e fomos para o bar mais
próximo. Quando entrámos: April Skies.
Não sei se já reparaste: o céu em Abril é uma coisa terrível. Já o poema diz: April is the cruellest month (T.S. Eliot). Bebemos absinto e
um par de cervejas. O resto, primo, é rock and roll.
1 comentário:
Assim as saudades de uma tarde de café a ouvir-te falar são maiores.
Um abraço sentido.
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