A Pomba
Era uma vez uma pomba que largou um poio, bem lá do alto do seu voo. Depois largou mais outro, e depois mais um. Continuou a voar e a largar poios durante semanas e semanas. Já não conseguia parar de largar poios, porque estas coisas habituam (dizem). A pomba começou a ficar mais leve e tornou-se muito rápida. Agora descia em voo picado depois de largar um poio e conseguia vê-lo atingir o alvo, normalmente outro poio, que passeava cá em baixo como quem não quer a coisa. Os poios são - mais do que um conceito ou uma forma de estar na vida -, poios.
Rui Costa, «A Pomba», em Sulscrito, nº2, Faro: ARCA - Associação Recreativa e Cultural do Algarve, 2008, p.98.
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