Zbigniew Herbert



Poeta que é poeta não acende um cigarro com isqueiro. Fósforos. Os fósforos dão outra solenidade ao acto. Zbigniew Herbert devia saber isso. Conheci-o através da leitura de Ulisses já não mora aqui de José Miguel Silva. Depois alguns poemas dele. Na altura ainda não existiam as traduções de Jorge Sousa Braga. Tive de o ler em inglês e, quase de seguida, comprei The Collected Poems: 1956-1998 (Ecco, 2007). Foi nesse livro que encontrei um verso de um outro poeta polaco, Juliusz Slowacki: No time to grieve for roses, when the forests are burning. Li este verso durante uma tarde em que deixou de haver luz em Manteigas e na casa de um milhão de clientes da EDP. Fiquei incrédulo a olhar para a força daquele verso, para a sua intensa luminosidade. O mesmo acontece com a poesia de Zbigniew Herbert. Poesia de uma intensa luminosidade, apesar das sombras que povoam muitos dos seus poemas. Mas, como todos sabemos, a luz surge sempre mais intensa quando há sombras por perto.

2 comentários:

jorge vaz nande disse...

Fumador que é fumador não escreve um poema com caneta?

manuel a. domingos disse...

não sou fumador. mas é uma boa pergunta.