Não me lembro como cheguei até ele. Só lhe li três livros: A Serpente, Outono alemão, A Nossa Necessidade de Consolo é Impossível de Satisfazer. Foi neste último que Dagerman escreveu: Quando, por fim, me apercebo que esta terra é uma vala comum, onde Salomão, Ofélia e Himmler repousam lado a lado, concluo que tanto o crápula como a infeliz têm o mesmo fim que o sábio. Por isso, para uma vida falhada, a morte pode tornar-se numa forma de consolo – e bem atroz, sobretudo para quem na vida queria encontrar forma de vencer a morte. Três livros foram o suficiente para saber que é um autor que irá acompanhar-me, sempre. Gosto da maneira como escreve. Gosto da sua visão do mundo, da vida. Quem leu Outono alemão não pode ficar indiferente aos efeitos colaterais da Guerra, seja da 2ª ou de qualquer uma. Sei que li A Serpente num Verão quente, já lá vão alguns anos: Estava tanto calor, que quase se podia torrar café nos carris. É assim que o livro começa. E eu sentia, também, aquele calor. Eu sei que era Verão e deviam estar uns 35 graus à sombra. Mas ao ler aquela frase o calor tornou-se maior, insuportável. Há livros assim. Autores, também.
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