Vinte anos depois e dois contos e quinhentos. Foi quanto custou. A minha mãe entrou comigo na loja de música no Centro Comercial Garden (na Guarda) – onde fiz a minha formação musical a par com a colecção de discos do meu primo Zé-Tó – e perguntou-me qual é que queres? É aquele! Quando chegámos a Manteigas coloquei o disco no gira. Não consigo descrever o que senti ao ouvir os primeiros acordes de Smells Like Teen Spirit. Ainda hoje me comovo quando os ouço, não há palavras suficientes. Caramba! Tinha 14 anos. Tinha acabado o 9º ano e ia, no ano lectivo seguinte, estudar para a capital do Distrito. Uma certa liberdade batia-me à porta com o estrondo da bateria de David Grohl. E nem vou falar no baixo de Novoselic. À conta de tudo isto parti várias vezes os óculos no moche. Foram soldados mais de quatro vezes. À quinta os senhores da óptica disseram que já não era possível soldar mais. Tive de comprar outros, que guardava cuidadosamente numa caixa blindada quando ia para o meio da malta aos pulos. Não consegui ir vê-los a Cascais. Fiquei lixado. E não vou estar para aqui a falar de músicas como Come As You Are, In Bloom ou Lithium. Só posso dizer isto: sei que nunca mais fui o mesmo.
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