Onze anos e onze contratos


Se tudo correr bem, em Setembro celebro com o Ministério da Educação o meu décimo primeiro contrato de trabalho. Significa isso que sou professor (ou, como dizia o Senhor Engenheiro José Sócrates: pessoa habilitada para exercer o cargo de professor: pois no entendimento do Senhor Engenheiro José Sócrates só é professor quem está integrado na carreira e eu ainda não estou) há onze anos. Em onze anos foram dez escolas: Pampilhosa da Serra (2001-2002), Tábua (2002-2003), Silves (2003-2004), Miranda do Corvo (2004-2005), Caxias (2005-2006), Figueira da Foz (2006-2007), Benedita (2007-2008), Alapraia (Setembro de 2008-Novembro de 2008), São Teotónio (Novembro de 2008-2009) e Coruche (2009-presente). Não me estou a queixar com o número excessivo de contratos. Sei muito bem que há quem passe onze ou mais anos a recibos verdes. Durante estes anos todos foram vários os Ministros da Educação e as políticas educativas. Disse, anteriormente, que não me estava a queixar. Mas, vou queixar-me. Mais uma vez – e sem qualquer admiração – os contratados são relegados para último lugar. Explico: mais uma vez o Ministério da Educação e a Direcção Geral dos Recursos Humanos da Educação (pelo Ministério tutelada), não informam os contratados quanto às datas de concurso para manifestação de preferências. É o dia 28 de Julho. Segundo informação disponível pelo Sindicato dos Professores do Norte, de 1 a 5 de Agosto será o prazo de candidatura e manifestação de preferências DACL (prazo definido a 27 de Julho).Assim, os professores contratados só terão oportunidade de manifestar as suas preferências, isto é, concorrer, depois do dia 5 de Agosto (na melhor das hipóteses). A maior parte dos professores contratados já se encontra de férias. Talvez alguns queiram ir para algum lado passar as suas férias. Só que sem datas de concursos é um pouco difícil. Não entendo a razão de tratarem as pessoas (sim, estamos a falar de pessoas) assim. E também sei que há quem esteja bem pior do que eu. Caramba! Onze anos e sempre a mesma coisa, começa a saturar! Sim, também sei que tenho bom remédio: deixar de ser professor e dar o lugar a outro.

1 comentário:

patrícia disse...

não me veria sem o ensino e sem as minhas criaturas, mas recuso-me a ser tratada como lixo. optei por um caminho "alternativo", que me permite fazer o que sempre quis, e o motivo está aí, nos parágrafos que escreveu. vou partilhar, se me der licença.