Enquanto poesia, a poesia já não ritma o grande e o pequeno mundo. Ainda que mantendo sempre uma relação com a sua proveniência, ela transmuta-se frequentemente em literatura. Num certo sentido, Hölderlin e Rimbaud são e permanecem os últimos grandes poetas. Pois neles se trata da tentativa suprema de abolir a barreira entre poesia e vida, tentativa que resulta poeticamente e se despedaça contra a prosa da vida. Eles atingem o extremo da poesia. Sob um céu vazio e sobre uma terra impoética, são forçados ao silêncio. Depois deles, há certamente ainda e sempre poetas: poetas do fim contínuo da poesia, nos cumes, artesãos das belas-artes, da literatura, nos vales.
em A Questão do fim da Arte e a Poeticidade do Mundo, tradução de Fernando Trindade, Colecção: Artigos LUSOSOFIA, Covilhã: Universidade da Beira Interior, 2010, p. 7.
1 comentário:
não conheço isto, mas vou conhecer. parece-me bem.
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