Um poema de Miguel-Manso


Pequenos trabalhos de Domingo

não saio antes
que tudo esteja pronto

a loiça a escorrer na cozinha
o aspirador cheio
a varanda lavada pelo dia
o rádio em off

nessa hora em que
a noite se aproxima devagar
do meu rosto
escrevo poema nenhum
falta-me língua

sento-me num banco do jardim
mais próximo
onde (que perfeição)

nada acontece


em Santo Subito, Lisboa: Edição do Autor, 2ª edição, 2010, p. 57.

3 comentários:

Anónimo disse...

fantástico. diria mesmo: fabuloso!

Anónimo disse...

Extraordinário poema!

Anónimo disse...

Sim, é muito bom mesmo. Este rapaz será o próximo grande nome da poesia portuguesa e arredores.