Defeitos meus, má fortuna

Enquanto estou para aqui a ouvir Diamanda Galás e a escrever este texto em vez de estar a ler ou a dormir, aproveito, desde já, para me confessar a Vós leitores deste blogue: no fundo, sou um gajo desinteressante. Tenho esse defeito. Explico melhor: as pessoas antes de me conhecerem até pensam para com elas eh pá, este gajo parece ser um tipo interessante! mas o facto é que não sou. Não sou, e isso é claro como a água. Tenho, para além de muitos, alguns defeitos que me deixam ficar muito mal nos momentos mais cruciais. A título de exemplo: tenho a terrível capacidade de estragar tudo, pois tenho alma de palhaço (e agora virá o meu anónimo de estimação dizer que palhaço lá isso és! desafio-te: não és homem nem és nada se não o fizeres! serás anónimo para o resto da tua vida! perdido para sempre no mundo dos blogues! perguntando-te a ti próprio se és anónimo ou o reflexo de um anónimo!); quando estou com os copos tenho a tendência para imitar Henry Miller nos palavrões mas não na eloquência com que os usava; tenho mau feitio e isso nota-se logo passados cinco minutos de conversa comigo; abomino e desprezo a raça humana, mas ainda estou para decidir se isto é um defeito ou não; não gosto de usar o “ponto e vírgula”, no entanto já estou farto de o usar neste texto, o que descubro agora ser outro defeito meu; não sou bom a contar histórias nem estórias nem a contar nada muito menos notas de quinhentos euros na minha carteira, pois tal nunca aconteceu e aposto que se acontecesse eu iria enganar-me a contá-las e caso estivesse a fazer troco a alguém (fónix! troco com notas de quinhentos euros? estás a exagerar, não? sim, pois, é outro defeito que tenho) essa pessoa sairia beneficiada; tenho por hábito olhar-me no espelho todas as manhãs; sou chato; não sei guardar segredos; e por aí fora.*

*já sei, leitor, esperavas que este texto acabasse de outra maneira. Azar o teu, leitor. É outro defeito meu.