A Bela Flor Azul
Quem saberá, «signora» onde terá
nascido esse belo lírio branco?
Velha Comédia Italiana
Eu não sou o fatal e triste Baudelaire,
Mas analiso o Sol e decomponho as rosas,
As rijas e imperiais dálias gloriosas,
— E o lírio que parece o seio da mulher.
Tudo o que existe ou foi, morre para nascer.
Na campa dão-se bem as plantas graciosas.
E, um dia, na floresta harmónica das Cousas,
Quem sabe o que serei, quando deixar de ser!
A Morte sai da Vida — a Vida que é um sonho!
A flor da podridão, o belo do medonho,
E a todos cobrirá o místico cipreste!...
E, ó minha Esfinge, a flor pálida e azul no meio,
Que ontem tinhas no baile e que trouxeste ao seio,
— Levantei-a dum chão onde passara a Peste.
em Antologia Literária Comentada: Do Romantismo ao Simbolismo, coordenação de Maria Ema Tarracha Ferreira, Lisboa: Editorial Aster, s.d., pp. 277-278
3 comentários:
Sim, um belíssimo soneto!E é consolador verificar que há ainda alguém a recordar e a admirar o grande Gomes Leal... Isto porque vivemos um momentinho, passageiro mas envenenado, de canibalismo literário... Parabéns!
Manuel Poppe
caro Manuel Poppe:
Gomes Leal começa a ser muito cá da casa. conhecia algumas coisas dele, mas não muito. Ando a descobri-lo.
Abraço
«...Gomes Leal começa a ser muito cá da casa...»
E eu que o diga; gentileza do Sr. Isaltino: nº 4, 7º Esq. ;)
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