«Não há dúvida de que, hoje, é possível afirmar que «o Estado somos nós». Infelizmente, este nós designa tanto os que governam como os que são governados e, entre os governados, é preciso ainda distinguir, aos olhos da lei, a maioria e a ou as minorias. Por conseguinte, quer queiramos quer não, esta hierarquia funcional, inevitável em democracia, introduz novas formas de desigualdade. Mais não seja que por razões práticas, de grau em grau, segundo o lugar ocupado por cada cidadão nas hierarquias do poder, afastamo-nos sensivelmente da origem teórica da soberania. Todas as sucessivas delegações de soberania popular fazem com que, no Estado democrático, a vontade política dos cidadãos tenha de se manifestar constantemente por procuração, o que necessariamente dá lugar a novas alienações.»
em História do Anarquismo, tradução de Pedro Elói Duarte, Lisboa: Edições 70, 2007, p31.
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