«— Toda a nossa actividade literária é de uma mesquinhez atroz. Nós não temos o direito de escrever. Falo de todos nós. Postos de parte os Tóinos e as Marias dos imbecis, que nos fica? O romance de gabinete, essa porcariazinha «inteligente», essa masturbaçãozinha de impotentes. Ou então, o romancezinho «psicológico», em que se trata o homem com desprezo, se vem contar, com petulância, como é feito por dentro e dá entre nós um génio em cada cinco anos, esse romancezinho feminino que Proust, como «mulher» que era, pôs em moda. Sim, que s´o mesmo uma mulher podia inventar essa coscuvilhice íntima, essas histórias e historiazinhas cheias de pequeninas observações, esses períodos longos e complicados como folhos de rendas de uma boneca. Contra mim falo, meu amigo, ah, contra mim falo. Mas não há outra saída. E todavia a hora é da ardência, do sangue!»
em Cântico Final, Venda Nova: Bertrand Editora, 7ª edição, 1983, p. 23.
em Cântico Final, Venda Nova: Bertrand Editora, 7ª edição, 1983, p. 23.
Sem comentários:
Enviar um comentário