Discos pedidos (11)

Lembro-me, na televisão, de uma música à beira do abismo. Lembro-me, mais tarde, de ouvir essa música em casa de um primo que me formou musicalmente: The Jesus and Mary Chain, Love and Rockets, Bauhaus, Cocteau Twins, mais um punhado de gente da 4AD.

Mas foi Kiss me Kiss me Kiss me, álbum que os The Cure lançaram em 1987, que me prendeu para sempre a essa banda britânica. Quanto a mim é neste álbum que os The Cure atingem a sua maturidade artística, com músicas de uma simplicidade e eficácia atroz. Também não é para menos. O alinhamento da banda sofreu algumas mudanças, mas em 1987, e neste álbum, o alinhamento contava com a bateria de Boris Williams e a genial guitarra de Porl Thompson. É claro que não podemos esquecer o baixo de Simon Gallup, que em músicas com The Kiss, dá o mote para o resto dos instrumentos. Nesse aspecto não podemos descurar, talvez, algumas influências de um certo rock-progressivo e minimalista (algo que já tinha sido experimentado anteriormente no álbum Pornography, de 1982). Simon Gallup a isso fez referência, chegando mesmo a considerá-lo um disco perfeito. E não é para menos.

Apesar dos êxitos pop que lá podemos encontrar (Why Can't I Be You?, Just Like Heaven e Hot Hot Hot!!!), temos ainda tudo o resto, de destacar The Kiss, Icing Sugar e A Thousand Hours. Este é, sem dúvida alguma, o melhor álbum dos The Cure. E como todos os verdadeiros melhores álbuns, o mais esquecido (apesar de The Head On The Door – álbum que antecedeu Kiss me Kiss me Kiss me – não ser muito lembrado). Kiss me Kiss me Kiss me marca o ponto de viragem na carreira do The Cure. Depois, depois temos o abismo ali à frente.

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