Um poema de Manuel Moya


Os Moedeiros Falsos

Conheço quem viva sem a vida,
aceitando o cânone amputado das sombras;
os que tratam de invocar o que já foi
e a isso entregam o melhor do seu artifício.
Conheço quem, quebrado, viva vidas
que são outras e espreita em suas rédeas
as fronteiras da noite, o desamparo.

Porém todos, como eu, procuram um sul
onde atracar suas causas e peles,
a voz com que se nomeia o inominável,
o rio que se encrespa em nossos olhos.


em Quarto com Ilhas, tradução de Rui Costa, Torres Vedras: Livrododia, 1ª edição, 2008, p. 29

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