Um poema de Catarina Nunes de Almeida


Abriu no colchão as valas possíveis
e enterrou por ordem alfabética
cada parte do corpo: os pêlos
os pântanos as unhas encravadas
e as unhas que outros cravaram pelas coxas.
Estudou cuidadosamente as ondas as horas
para que não restassem dúvidas
sobre os caminhos marítimos
para a noite. Por fim
podou as janelas do quarto,
bebeu o vinho;
roeu a carne do quarto
até não sobrar nenhum coração.

em Sulscrito, Faro: ARCA - Associação Recreativa e Cultural do Algarve, número 1, Verão de 2007, p. 13.

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