«A poesia acabou por se revelar uma amante extraordinária. Porque a poesia é forma, e o namoro e a sedução da forma é a regra do jogo. Pode-se ter todo o aparato do mundo mas aquilo que é necessário, no fim de contas, é algo assim como que um - não sei - um laço... algo extremamente delicado, para caçar veados selvagens. Oh, não, eu vou arranjar uma analogia para isto. Escrever um poema é como tentar apanhar um lagarto sem que lhe caia a cauda. Só havia um miúdo, na minha escola, capaz de apanhar um lagarto intacto. Ninguém sabia bem como ele conseguia fazer aquilo. Tinha um modo especialmente delicado de chegar até eles e trazi-os com a cauda. Esta parece-me ser a melhor analogia que lhe posso dar. Tentar e conseguir agarrar o poema sem que a cauda lhe caia.»
em Entrevistas da Paris Review, selecção e tradução de Carlos Vaz Marques, Lisboa: Tinta da China, 1ª edição, 2009, p.156.
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