Um poema de Rui Almeida

para a Paula Machado

Avança vinte anos e tenta
Recordar a grandeza do dia de hoje.

Responde por palavras breves ao tempo
Que há de passar, à vida que fica,
E recupera a memória do que vêsm
O desejo incerto de futuro.

Que cansaço nos pede que sejamos
Mais do que o corpo nos obriga a ser?

Quando os limites se impõem, nada
Nos impede de ir tactear as noites
E recolher das sombras todos os gestos
Indiferentes que ousámos fazer.

Então te direi as razões, nomes
A dar aos segredos partilhados.

em Lábio Cortado, Torres Vedras: Livrododia Editores, 2009, p.13.

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