Texto


Este texto não tem qualquer propósito. Não tem qualquer objectivo. Ele não se refere a nada em particular. Ele apenas é habitado por palavras. E as palavras, como sabemos, têm significados. Mas este texto não tem nenhum significado apesar das palavras que existem nele. Não pretende, também, chegar a lado nenhum, pois não partiu de lado nenhum. No entanto, este texto tem como banda sonora o saxofone de Coltrane. Tem como paisagem a montanha em frente à minha janela. Este texto não é dedicado a ninguém. Este texto começou a ser escrito às 19h11m do dia de hoje e, até aqui, não tem hora marcada para terminar. Este texto pode prolongar-se até ao infinito, mas isso não vai acontecer, pois este texto não tem ambições nem pretende ficar na história da literatura. Se não o lerem, este texto fica contente na mesma. Se o lerem, também. Este texto podia falar de uma mulher, dos seus olhos verdes, cabelos loiros e da filha que traz nos braços, mas não o vai fazer. Este texto é escrito devagar (são 19h15m), pois os dedos que o escrevem começam a ficar frios, pois ainda hoje não se ligou o aquecimento central da casa onde este texto está a ser escrito. Este texto repete muitas vezes as palavras “este” e “texto” e não se arrepende. São 19h19m e este texto começa a ficar cansado. Também tem esse direito. Este texto fica por aqui.