Um último post antes de ir para casa


Parece que está a chover lá fora. Estou aqui na sala dos professores. Acabei agora de dar aulas. Ouço a chuva lá fora. Na televisão está a dar uma novela da TVi onde um padre se "faz" a uma mulher. Digo: "esse padre é malandreco!". A senhora auxiliar de acção educativa manda uma sonora gargalhada. É boa pessoa, a senhora auxiliar de acção educativa. Começa a trabalhar às três da tarde e acaba agora às dez. Já tem uma certa idade. Mas ainda a suficiente para arrastar uma vassoura pelos corredores da escola e lavar o quadro que acabei de usar. Um dia disse-lhe que podia ser eu a lavar o quadro. Olhou para mim muito admirada e disse logo "nem pensar, senhor professor". Ainda não me habituei a este "senhor professor". Há oito anos que sou professor. Mas ainda não me habituei. E segundo o Senhor Primeiro-Ministro não sou. Sou apenas alguém habilitado para a docência, pois ainda não ingressei na carreira. Logo ele, que é um conhecido Engenheiro, com provas dadas na sua área de formação, principalmente ao nível do inglês técnico. Podia dizer: é o país que temos. Mas não digo. Prefiro dizer: é o país que não devíamos ter.

2 comentários:

Rita F. disse...

Eu acho que "senhor professor" ou apenas "professor" é um título bonito. Tinha um amigo que dizia que gostava muito quando o tratavam por "professor", porque se orgulhava de ser professor. Detestava que o tratassem por "doutor" porque de doutores está o país cheio. Porém, o país não está cheio de professores, na verdadeira acepção do termo, e esta verdadeira acepção do termo não tem nada a ver com as definiçõezecas do Ministério e habilitações para a docência e o que seja que eles se lembram de inventar para, através da própria designação linguística, denegrir o trabalho das pessoas.
Essa senhora que é auxiliar de acção educativa parece ser uma boa pessoa.

Anónimo disse...

Grande Manel, gostei muito deste teu post. Genial mesmo. A vida de um professor é tramada mas ainda bem que existem pessoas como essa senhora que reflectem ainda o peso que a docência tinha no antigamente. Para mim, o professor é um elemento essencial no desenvolvimento cognitivo de um País. Infelizmente ultimamente são(re)conhecidos como um bando de manifestantes. São os Medias que temos.

Noutro dia encontrei aqui em Lisboa um egitaniense.O Martim. E falei em ti. Não que o Martim me disse que agora andavas vestido com umas cores quentes...do genero LARANJA! Manel, o que fizeste ao preto????

um abraço lisboeta (viva o grito! :)

António Luis