No primeiro intervalo do turno da manhã disse, alto e bom som, que não gosto muito de trabalhar. Disse, ainda, que se pudesse viver do ar que respiro seria o ideal para mim. É claro que dizer isto numa altura em que os professores são acusados de tudo e mais alguma coisa, não caiu bem em alguns dos meus colegas. Vieram com filosofias da treta a dizer que rapidamente me cansaria de não fazer nada, que iria ser o marasmo e o tédio. Não concordo, disse. O marasmo e o tédio são uma consequência directa da rotina, da vidinha minimal e repetitiva (como diz um amigo meu), expliquei. Não senhor, disseram. E cada um ficou com a sua opinião. Mas eu, aqui, reitero: não gosto muito de trabalhar e não me dou bem com a rotina quotidiana do trabalho. Considero-o cruel e vil. Entediante. Mas não pense o leitor que sou um sorna. Sei quais as minhas responsabilidades, os meus deveres. Tento cumpri-los, dando o meu melhor todos os dias. Mas não gosto muito de trabalhar.
4 comentários:
Muito bem visto. Concordo, concordo, concordo, direi mesmo mais, concordo absolutamente. Também já tive conversas semelhantes, em que o argumento de quem discordava de mim era, "não trabalhar e ficar em casa?! Que seca!". Eu acho que haveria mais mundo e mais vida do que ficar em casa, não havendo a necessidade de se trabalhar, mas como dizes, cada um fica com a sua opinião. Nos dias de hoje, a "opinião de cada um" parece bastar.
Era só mesmo para dizer que concordo (e que, já agora, também não sou sorna).
Amén!
Ola Manuel.
Nos dias em que gosto de trabalhar fico preocupado comigo mesmo, por gostar de trabalhar.
É natural não gostar de trabalhar, acho eu.
Cada vez é mais difícil encontrar momentos de zero absoluto, de uma paragem, esvaziamento. Há sempre alguem que perturba a nossa calma, o nosso "ritmo".
Por opção própria, após 7 anos de trabalho resolvi fazer uma pausa durante um ano, e andei sempre muito ocupada! Bem que gostava de ter a disponibilidade financeira para repetir a experiência, pelo menos daqui a 8 anos.
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