Tomates

Durante muito tempo alimentei o sonho de ser escritor. É claro que me falta talento. Mas, principalmente, faltam-me tomates. Sim, é preciso ter tomates para ser escritor e para escrever. Bukowski, Céline, Hamsun, Fante, Dostoievski, tinham tomates. E, quanto a mim, um grande par. Só assim se entende que tenham escrito aquilo que escreveram, da maneira que escreveram, sobre os temas que escreveram. Tomates. É isso que faz um escritor. Não é o cânone, nem a crítica. São os tomates.

6 comentários:

Anónimo disse...

ja que nao os utilizas para mais nada...usa pra escrita

Anónimo disse...

olha, que engraçado, nunca tinha pensado nisso. se calhar, então, é por isso que as mulheres não escrevem nada que se aproveite! essas parolas pa! não têm tomates.

MJLF disse...

Não é verdade, os tomates é um mero promenor. O que faz o escritor é a paixão, o amor e odio com que escreve, a obesseção pela escrita e um pouco de talento, que sem suor não serve para nada.
Maria João

Vitor_Vicente disse...

Também é preciso um par de tomates para deixar de se ser escritor. O melhor prosador português do século XX, falo do Cardoso Pires, tentou várias vezes e nenhuma delas com sucesso.

Anónimo disse...

O melhor prosador do século vinte, Cardoso Pires? Vítor Vicente perde a parada. E os tomates também. Pois não leu ainda o trecho de Hansum em que este refere que o pior insulto que se pode fazer a um escritor é dizer-se que é um grande prosador?
E o que é pior é que Vicente o diz para louvar esse mediano escritor que Cardoso Pires sempre foi.

Manuel Romano

Vitor_Vicente disse...

Caro Manuel Romano, a ver se me consigo explicar.

a) Melhor prosador PORTUGUÊS do século vinte. Melhor no sentido que eu, em nome pessoal, com os meus critérios literários, entendo escritor: alguém que, ao contrário por exemplo do Saramago e do Lobo Antunes, é um bom leitor e tem consciência de que existe um leitor, ou alguém tão louco para ler as suas loucuras.

b)Por acaso, mesmo por acaso, estou precisamente a ler um romance do Hamsun, de quem só tinha lido "Fome" por conselho do Henry Miller e de que gostei mais do que de "Vagabundo toca con sordina", mas como ainda não acabei não sei se me vou deparar com o trecho anunciado, agradecendo-lhe desde já antecipar-me a deixa de que não entendo o significado, provavelmente por não estar na língua original. (Caro Romano, domina o norueguês ? Eu norueguês só bacalhau e black metal!)

c)Digo-o para separar dos poetas e para louvar em particular o talento em escrever prosa prosa, e não prosa poética, mas sim prosa pura do Cardoso Pires.

P.S. E com estas recupero os tomates e agradeço a atenção com os ditos.