Gostava de escrever textos mais sérios do que aquele que agora vão ler. Gostava de escrever textos que levantassem questões filosóficas, que reflectissem dilemas existenciais profundos e coisas desse género. Mas a vida, quanto a mim, é uma comédia pegada, embora exista a tendência para levá-la muito a sério. Eu próprio faço isso: levo a vida demasiado a sério. Gostava de ser mais relaxado, não ser tão pessimista, catastrofista, derrotista. Gostava de todos os dias acordar de manhã e dizer: ora aí está um belo dia. O problema é que acordo com um humor pouco aconselhável. Não consigo evitar. Se há coisa que me aborrece é levantar-me para ir trabalhar. Já que estou numa de confessar-me, não gosto muito de trabalhar – embora o faça com gosto. Às vezes os alunos é que sofrem um pouco com o mau humor logo às oito e meia da manhã, mas penso que no fundo entendem esse mau humor. Eles, às vezes, também vêm com mau humor e eu aturo-os. Ficamos quites.
Quites
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1 comentário:
- todos somos estranhos
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