Ó da Guarda!
Satyro Envelhecido
A Eugénio de Castro
Eu, que levei a vida sem cautelas,
do lascivo loureiro entre a verdura,
as ninfas contemplando e a noite escura,
viúva de luar, noiva d’estrelas…
e que senti, ao mesmo tempo que elas,
do seu corpo os espasmos e a brandura;
que fiz das suas tranças cobertura
que pudesse envolver-me e envolve-las…
eu, que até da paisagem tinha ciúme,
e do Poente – onde morria o lume
dos seus olhos famintos de desejos –
fui desprezado, fui abandonado!
Mas porquê? Qual seria o meu pecado,
se nunca me cansei de lhes dar beijos?
Valdemar da Silva Lopes (1898-1946): nasceu em Pinhel, distrito da Guarda. Era médico de profissão.
A Eugénio de Castro
Eu, que levei a vida sem cautelas,
do lascivo loureiro entre a verdura,
as ninfas contemplando e a noite escura,
viúva de luar, noiva d’estrelas…
e que senti, ao mesmo tempo que elas,
do seu corpo os espasmos e a brandura;
que fiz das suas tranças cobertura
que pudesse envolver-me e envolve-las…
eu, que até da paisagem tinha ciúme,
e do Poente – onde morria o lume
dos seus olhos famintos de desejos –
fui desprezado, fui abandonado!
Mas porquê? Qual seria o meu pecado,
se nunca me cansei de lhes dar beijos?
Valdemar da Silva Lopes (1898-1946): nasceu em Pinhel, distrito da Guarda. Era médico de profissão.
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