Budweiser

O Manuel lançou-me um repto: escrever sobre o Bukowski. Eu agradeci o repto, porquanto agradeço sempre tudo o que me lançam (calhaus incluídos) e, assim por assado, prefiro um repto a um rapto (o que também não seria despiciendo, não fora a conjuntura de jamais passar pelo cortéx a alguém das minhas relações próximas ou agregado familiar pagar o resgate ou embarcar numa missão de salvamento tipo Rambo parte final-que-afinal-ainda-não-é-bem-bem-desta-que-é-a-final – a qual, aliás, segundo avançam as más-línguas, está muito boa, refogada com muita cebola, muito alho e muita polpa de tomate a temperar toneladas de chicha centrifugadas pela bazuca). Mas ia aonde, eu? Ah sim, o Stallone. Não, não era nada disto. Ou era? Estava a brincar. Pois, o triste é eu não ter peva a dizer sobre o Bukowski, ou melhor, nada de mais relevante do que ter-me sido apresentado quando somava para aí dezassete primaveras por um mano guedelhudo que ainda bebia, fumava e fodia mais do que o próprio Bukowski, que me impingiu o “A Sul de Nenhum Norte” em troca de meio conto de chamô e um CD das Babes in Toyland, do Bukowski ter-se tornado, durante cerca de seis meses, o meu escritor favorito somente e apenas derivado ao facto de ninguém das minhas relações próximas ou pertencente ao meu agregado familiar sonhar sequer quem era o Bukowski (na melhor das hipóteses, replicavam que haviam-no praticado em Andorra nas últimas férias da Páscoa, razão que explicava a entorse no joelho) e constituir, portanto, argumento suficiente para me armar em cão com pulgas, do Bukowski possuir como referências literárias tipos que (vá lá alguém entender este mundo) culminaram no meu próprio rol de referências, e, o mais importante de tudo, me incutir aquela vaga impressão de não escrever nada de especial e, ainda assim, escrever muito melhor que eu e a maioria dos escribas que conheço. Por exemplo: de certeza que o gajo cumpria esta merda à risca sem infringir o limite das 300 palavras, algo que, temo bem, acabo de fazer, além de não dispensar - no intervalo de escrever algo sobre si próprio - a sua jola e a sua foda, enquanto a mim, a única coisa que me fode é padecer de uma hérnia discal em plena refrega dorso-lombálgica, mal poder do costado e ir agora mamar a terceira dose de anti-inflamatório.

1 comentário:

Abssinto disse...

Heheh e olha que emsmo assim o Bukowski viveu setenta e tal anos! nada mal! Infelizmente eu apenas li "Mulheres" e a "Sul de Nenhum Norte", uma vez que o "Correios" desapareceu sem deixar rasto das prateleiras das livrarias portuguesas. É um contista excepcional e a par de Raymond Carver, os pólos dinamizadores da minha escrita, ainda que enquanto hobbie.