Balanço e outras coisas balançáveis do ano 2007*


Fazer um balanço do ano que passa nunca é tarefa fácil. É inevitável a tendência para ser tendencioso. Nunca conseguimos ser totalmente imparciais. E tal nota-se mais numa região pequena como a nossa, em que tudo aquilo que é dito ou é visto como ataque pessoal ou bajulação. E nunca como discussão de ideias.

A nota negativa que dou à nossa região é: o seu, cada vez mais, provincianismo ao nível das ideias. Já estou a ouvir alguns: lá vêm estes elitistas dar lições de moral, ensinar o "povo" a comportar-se, a ser culto. O "povo". Nunca encontrei palavra mais ambígua para definir algo. Mas, afinal, o que é o "povo"? Alguém me consegue explicar? Eu, por exemplo, não gosto de Tony Carreira (nem do egitaniense Luís Filipe Reis). Faço ou não parte do "povo"? Sou do "povo" ou não sou do "povo"? Gosto da música dos Chuchurumel (parabéns!). Sou do "povo" ou não sou do "povo"? Gosto de ir ao TMG assistir a um rapaz que toca instrumentos estranhos, que fazem sons estranhos e que alguém diz ser música (e da boa!). Gosto de ir ver Camané e o Barbeiro de Sevilha. Sou do "povo" ou não sou do "povo"?

A nota positiva que dou à nossa região é: a programação e oferta cultural do TMG (lá está este gajo a ser parcial, a bajular!). Só quem não tem olhos na cara, ou muita inveja a cegá-los, é que poderá pensar que aquilo que estou a afirmar é a mais pura e completa idiotice. O TMG, no ano de 2007, afirmou-se no panorama regional e nacional. Se não fosse o TMG a minha Mãe nunca teria assistido a uma ópera. Se não fosse o TMG a minha Mãe nunca teria assistido ao Camané. Se não fosse o TMG a minha Mãe nunca teria assistido à Colónia Penal. E se há pessoa que diz pertencer ao "povo" é a minha Mãe!

*balanço sobre a região da Guarda. Texto escrito para o blog Café Mondego .

2 comentários:

Anónimo disse...

Gostava de saber qual o ordenado do director do TMG. Ouvi dizer que ganhava muito, mas não me disseram quanto, por isso gostava que alguém me pudesse esclarecer, porque também diz-se por aí que o Teatro tem muitos gastos e se há alguma razão para isso para além do financiamento dos espectáculos.

Obrigado.

manuel a. domingos disse...

caro anónimo:

qual o ordenado do director do TMG não lhe sei dizer.

o que não se diz por aí é que pela primeira vez (no ano que acabou de passar) o TMG teve lucro.

obrigado pelo comentário. volte sempre