Releitura
Comecei ontem a reler Crime e Castigo. A primeira vez que o li tinha 16 anos e trabalhava na Biblioteca Municipal de Manteigas. Não era bem um trabalho trabalho, era Ocupação dos Tempos Livres (patrocinado pelo IPJ). Com 16 anos conhecia muito poucos autores e só tinha lido 5 livros do princípio ao fim. Nesse “trabalho” comecei a conhecer outros autores para além dos 5 que tinha lido. Dostoievski foi um deles. Na altura, o que mais impacto me causou foram as descrições das ruas de São Petersburgo e o modo como as pessoas viviam: a sujidade, os cheiros, famílias inteiras em pequenas divisões. Pouco ficou em mim da personagem que todos citam: Raskolnikoff. Os conflitos de Raskolnikoff não me diziam nada. Tinha 16 anos! Como podiam dizer? Eu estava era mais interessado em cerveja fresca e mergulhos no rio. Com 16 anos ia muito para o rio. Eram tardes fantásticas. Raskolnikoff ficava em casa enquanto eu pegava na bicicleta e partia. Mas às vezes, para impressionar os amigos, dizia que andava a ler Dostoievski. Ficavam todos a olhar para mim com ar admirado. Não compreendiam. Na realidade, nem eu. Ainda hoje se alguém me diz que está a ler Dostoievski eu fico admirado, principalmente se diz que leu Os Irmãos Karamazov ou Os Possessos nas últimas férias de verão.
Comecei ontem a reler Crime e Castigo. A primeira vez que o li tinha 16 anos e trabalhava na Biblioteca Municipal de Manteigas. Não era bem um trabalho trabalho, era Ocupação dos Tempos Livres (patrocinado pelo IPJ). Com 16 anos conhecia muito poucos autores e só tinha lido 5 livros do princípio ao fim. Nesse “trabalho” comecei a conhecer outros autores para além dos 5 que tinha lido. Dostoievski foi um deles. Na altura, o que mais impacto me causou foram as descrições das ruas de São Petersburgo e o modo como as pessoas viviam: a sujidade, os cheiros, famílias inteiras em pequenas divisões. Pouco ficou em mim da personagem que todos citam: Raskolnikoff. Os conflitos de Raskolnikoff não me diziam nada. Tinha 16 anos! Como podiam dizer? Eu estava era mais interessado em cerveja fresca e mergulhos no rio. Com 16 anos ia muito para o rio. Eram tardes fantásticas. Raskolnikoff ficava em casa enquanto eu pegava na bicicleta e partia. Mas às vezes, para impressionar os amigos, dizia que andava a ler Dostoievski. Ficavam todos a olhar para mim com ar admirado. Não compreendiam. Na realidade, nem eu. Ainda hoje se alguém me diz que está a ler Dostoievski eu fico admirado, principalmente se diz que leu Os Irmãos Karamazov ou Os Possessos nas últimas férias de verão.
1 comentário:
Eu li Os Possessos com 14 anos; porque a minha professora de Português, à época, me dissera que não seria capaz [a porra do livro era na edição dos livros de Bolso da Europa-América, em três ou quatro volumes, com uma letra miudinha e páginas amarelecidas, ainda hoje me choram os olhos!] - eu naquele tempo não admitia que me dissessem que não era capaz!. Ficava irritado. Agora fico irritado quando me dizem que sou capaz...
Abraço.
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