Dias assim

Há dias em que não consigo escrever uma única linha. Hoje é um desses dias. Sento-me frente ao ecrã do computador e não sai nada de nada. Procuro aqui e ali uma ideia para qualquer coisa: nada. Como está difícil, opto por sair e vou até ao café. A esplanada está vazia, mas há movimento no interior. Dizem-me que vamos até à piscina ver as gajas. Aceito a proposta, pois gosto de ver gajas. Talvez me inspirem um poema ou outra coisa qualquer. Mas não. A qualidade é muito fraca. Uma ou outra escaparia numa noite mais desesperante, e mesmo assim teria que ser com uma boa quantidade de cerveja a circular pelas veias. Nada. Limito-me a ver os meus amigos jogar às cartas, enquanto dizemos piadas machistas, asneiras atrás de asneira, que deixam as poucas gajas que há ofendidas. Só nos falta cuspir para o chão. Ou arrotar. Ou coçar os tomates. Há dias assim. O curioso é que gosto dos dias assim, quando homens podem dizer piadas de homens e rirem-se com isso, cagando para aquilo que as gajas pensam. São dias assim que me fazem sentir bem. Que me fazem sentir vivo. E feliz por isso.

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