Ó da Guarda!

Mão Aberta

A imolar perguntas, degolar respostas
que a razão venera num altar de aborto,
sepultei nas vagas, despenhando encostas,
a torre nirvana, com o ídolo morto

como quem naufraga sobre as próprias costas
e o corpo cavalga contra o rumo torto,
hasteei nas trevas, já não de mãos postas,
o punho, em archote e a prumo, no porto

a escavar na terra os poros do povo
de onde irrompem chamas delirantes de água,
mato a velha sede renasço-a de novo:

lavado em suores da mais negra mágoa,
a pulso me arvoro – e esta mão que movo
reabro à semente noutras mãos afago-a

Fernando Pinto Ribeiro (1928): nasceu na Guarda. Em Lisboa frequentou a Faculdade de Direito e estabeleceu residência. Participou em colectâneas temáticas de poesia.

3 comentários:

Américo Rodrigues disse...

Fernando Pinto Ribeiro (Guarda,1928).

manuel a. domingos disse...

obrigado, américo!
dado inserido

Eduardo Roseira disse...

O Fernando Pinto Ribeiro deu-me a honra de ser meu Amigo e de ter colaborado com uma revista literária que fundei.
Em Tributo à sua obra e pessoa, fiz uma página que pode ser vista em: fernandopintoribeiro.no.comunidades.net
Um Bem-Haja!
eduardoroseira