Ó da Guarda!


Beijo cantado


Meus lábios só cantam
quando não podem beijar.
Mas quando eu beijo o teu canto,
tu escutas o meu canto nesse beijo,
no meu beijo, teu encanto,
na volúpia de uma carícia
só tua!
Que importa
se lá fora
escutam nosso arrufo,
o nosso canto…
Cantemos forte
e assim se ouvirá o nosso encanto
nas ondas da melodia,
nesse recanto de rua!
E mesmo que outras vezes
se oiça o pranto,
será grito de saudade
minha
e tua!
Se enquanto choro não canto,
posso beijar a chorar;
deixa a alma atravessar
o deserto, e respirar
a esperança que vai dar
cor as águas do meu pranto.
Do choro se fará canto,
lá no canto do desejo,
e no quente do teu manto
choro e canto,
canto e beijo!


João S Martins: nasceu em Manteigas. Saltou de pedra em pedra entre a pintura e a música, da fotografia à poesia, sempre imbuído da paixão pela palavra e imagem. Utiliza as duas com prazer rebuscando coisas novas e antigas no arquivo de memórias. Reside em New Jersey, USA, desde 1987. Publicou: Exercício de Pintura (2001), Intervalo das Palavras (2004), Cânticos Paralelos (2004) - poesia; A Estrelinha da Serra e outras Histórias para Estrelas de todas as idades (2001) - contos.

Sem comentários: