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Nada disto, sinceramente, me admira. Sou de uma terra onde o impacto da emigração se fez sentir, principalmente no Verão quando regressavam para passar um mês "na terra" e a população da vila duplicava, ou triplicava. Ouvi muitas vezes, à mesa, a conversa de sempre: "os auserianos [argelinos, em emigrês] 'tão a dar cabo do cartier"; "todos ilegais"; "uma vergonha"; "são uns porcos". Tudo isto da boca de quem tinha ido "a salto" até França, para fugir da prosperidade que havia no nosso país antes do 25 de Abril. Gente que tinha vivido nas luxuosas bidonville, com saneamento básico e ruas pavimentadas, com duches quentes duas vezes ao dia e condições de salubridade exemplares. Gente com trabalho qualificado, contrato e descontos para a segurança social. Isto só para falar dos de França. Os emigrados na Suíça era outra conversa. E, sinceramente, não me apetece tê-la.

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