Indignar-me é o meu signo diário



Atentem ao seguinte: "Eu cresci numa terra dominada pelo PCP e lutava para poder dizer que não era comunista. E afinal eu vejo que temos um poder socialista que é pior do que aquilo que nós tínhamos antes do 25 de Abril" (1). Duarte Pacheco é o responsável por esta declaração.

Não vejo qualquer problema em alguém não querer ser comunista. Eu também nunca quis ser do PSD ou do CDS-PP (uma brevíssima passagem pela JS [nem cartão recebi, pois não lhes dei tempo] não conta), apesar de ter muitos amigos de ambos os partidos e ser natural de uma terra onde o PCP sempre esteve em minoria. Viver em liberdade democrática dá-nos isso: podermos escolher a nossa família política sem ser preso, torturado ou morto. Penso que Duarte Pacheco sabe isso e reconhecerá isso.

Todavia, a declaração feita, por Duarte Pacheco (que ainda é o Secretário da Mesa da Assembleia da República), num canal de televisão público, é algo que não entendo. E, daí, talvez sim. A verdade é que o regime fascista de Salazar e Marcelo Caetano há muito que anda a ser branqueado. A razão parece-me simples: a direita prepara o "assalto" ao poder com o apoio da extrema-direita. Resumindo: o PSD prepara uma alternativa governativa com o apoio directo do Chega e o "deixa andar" da Iniciativa Liberal (partido que prefere festejar o 25 de Novembro de 1975 ao 25 de Abril de 1974).

A sede e a sanha de poder da direita é mais do que visível. Branquear o fascismo salazarista e marcelista é só o primeiro passo.


____________________________

(1) através do Henrique Manuel Bento Fialho

Sem comentários: