João Almeida


Na manhã seguinte acordei cedo


Tratas das coisas do coração como um talhante
Concentrado no desmancho
Aviando os pedidos

Misturei-me contigo, pequeno corante
Como se a noite de bodas fosse todas as manhãs
Quando atravessávamos os campos
Alimentados e sem dono

Quem te viu
Senta-se agora para assistir às tuas pantominices
Com o teu espectro.

Eu já dei o que tinha, ó papa-formigas,
E também me sento.
Agora és tu e todas as sombras do inferno.




em O jogo mais perigoso, s.l.: Cutelo/Livraria Snob, 2022, p. 28.

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