Calendário (27)



Muitos consideram 1959 como o ano que mudou o jazz. Talvez se entenda a razão: "Kind of Blue", de Miles Davis, "Ah Um", de Charles Mingus, e "Time Out", de Dave Brubeck, foram editados. E também "The Shape of Jazz to Come", de Ornette Coleman. A primeira coisa que salta à vista neste álbum é a ausência de piano. Temos bateria (Billy Higgins), contra baixo (Charlie Haden), corneta (Don Cherry) e saxofone alto (Ornette Coleman), mas nada de piano. Neste album os solos e a melodia parecem estar de costas voltadas, mas isso não é verdade: basta ouvir com alguma atenção o tema "Congeniality". Mas a particularidade que mais se ouve, na maioria dos temas, é a simplicidade da estrutura musical, sem grandes floreados. E quanto aos solos: muitas das vezes estão todos os instrumentos a solar ao mesmo tempo. Cacofonia? De todo! "Focus on sanity" dá-nos, a certo momento, um solo de Haden acompanhado pela bateria de Higgins que está também a fazer uma espécie de solo, não se limitando apenas a marcar o ritmo. Coleman revolucionou a maneira como passamos a ouvir jazz, tal como antes dele o fizeram Charlie Parker, Dizzy Gillespie e Thelonious Monk. E não se pode pedir muito mais do que isso.

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