Calendário (18)

 


Em 1986 eu tinha nove anos. Começava a entender melhor o que era a música. Os The Smiths eram-me completamente desconhecidos, apesar de os ter visto uma ou duas vezes na TVE (durante anos, em Manteigas, os dois canais públicos espanhóis tinham melhor sinal do que os canais públicos portugueses). Foi só em 1992 que gravei a primeira cassete com um "best of" dos rapazes de Manchester. Tinha sabido por alguém que o Marcos era fã e, mesmo não tendo muita confiança com ele, fui até sua casa e pedi-lhe que me emprestasse um CD para gravar. "The Queen Is Dead" (1986) é por muitos considerado uma obra-prima da chamada "pop". Não sei se assim será. Para mim é o álbum que mais gosto da banda. A faixa que dá nome ao álbum, e que o abre, tem um ritmo frenético, com a bateria de Mike Joyce a abrir as hostilidades. Há, como não podia deixar de ser, a guitarra de Marr (guitarrista que mudou por completo a maneira como passámos a ouvir a "pop"). E há ainda "Cemetery Gates" e "Bigmouth Strikes Again" e, para fechar o álbum, "Some Girls Are Bigger Than Others": "From the ice-age to the dole-age/there is but one concerne/and I have just discovered: some girls are bigger than others". The Smiths são, talvez, a banda menos consesual daqueles anos, se a compararmos, por exemplo, com os The Cure, Echo and the Bunnymen, Joy Division. Todavia, são uma banda que marcaram, para sempre, a maneira como ouvimos música: quer para amar ou odiar.

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