O estudo


Saiu um estudo. E esse estudo concluiu que a maioria dos professores é formada por professores que nunca puseram os pés numa escola. Qualquer dia sai um estudo que irá concluir o mesmo para Ministros da Educação, Secretários de Estado e outros elementos da hierarquia, que todos os anos "desovam" novos decretos-lei com novidades hiper-mega-inovadoras mas que, na prática, são incompatíveis com a verdadeira realidade escolar.

Todavia, e agora colocando de lado a tentativa de humor do anterior parágrafo, este estudo tem um lado prenecioso: a criação do chamado "perfil do professor" para que as escolas escolham os professores que querem em função do currículo que elas próprias criarão (estou a falar de escolas da rede pública tuteladas pelo Estado), tendo em conta a realidade da "comunidade educativa" (as aspas são propositadas). Esta ideia de autonomia curricular há muito que vem sendo defendida por uma certa direita liberal e por outra mais de antanho: são aqueles que aparecem com as balelas do "marxismo cultural".

A questão da autonomia curricular e "perfil do professor" resume-se a: a "comunidade educativa" decide aquilo que os alunos aprendem e não aprendem; as escolas farão selecção de alunos; o "perfil do professor" levará à destruição de um concurso de professores (que terá muitos defeitos mas que ainda é o mais justo e democrático), sendo substituído pela "cunha"*.



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*posso a estar a ver coisas onde elas não existem, mas tendo em conta a experiência que tive com a Bolsa de Contratação de Escola (a famosa BCE): é aquilo que me parece.

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