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A neve faz parte das minhas memórias. Tanto de criança como de adolescente. Há muito que não vejo neve cair. Tão pouco no alto da Serra. É uma memória que me é próxima. Confortável. O pior era limpar o terraço e as escadas que dão acesso à casa dos meus Pais. Era uma tarefa que na maior parte das vezes eu tinha de cumprir. Era a parte menos boa da neve. Mas tudo o resto era um manto branco de calma. E silêncio.

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Antes de começar a cair há um silêncio muito próprio. A natureza parece deixar de existir. Não se ouvem os pássaros nem as árvores e até os próprios ribeiros parecem deixar de correr. O tempo como que abranda. E de repente: uma espécie de segredo murmurado.

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É cada vez menos todos os anos. E toda a Serra se ressente. Apenas a minha memória fica intacta.

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