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Há muito que sigo a poesia de José Alberto Oliveira. Vê-lo agora publicado na Averno (Sumário, 2021), num cuidado livro onde a capa de Luís Henriques é desarmante, deixa-me estranhamente feliz e não me perguntem porquê. É certo que o poeta foi publicado, até agora, na Assírio & Alvim, onde passa despercebido no meio de tanto bloco de cimento e tijolo-de-burro, o que até pode ser do agrado de José Alberto Oliveira, tendo em conta que a discrição, no seu caso, é apanágio. Agora que foi publicado na Averno (que é apenas a mais significativa editora de poesia dos últimos 21 anos) poderá receber a atenção devida de alguns leitores e livreiros (ainda ontem na livraria independente onde comprei o livro [onde todas as editoras independentes estavam ao molho e fé nos deuses e onde alguns livros se forem devolvidos não o serão em melhor estado do que aqueles devolvidos pelas grandes cadeias], a livreira desconhecia o poeta, ficando muito admirada quando lhe disse que, na minha opinião, era um dos melhores poetas portugueses da actualidade). Aconselho aqueles que desconhecem a poesia deste autor, mas que já devem ter tropeçado nas suas traduções, a começar pela colectânea Tentativa e Erro. E como costumo dizer: se não gostarem, podem sempre culpar-me a mim.

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